29/04/2021
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M O R N I N G S E S S I O N
Como um bom maroleiro
A escolha inusitada de Pedro Scansetti no primeiro Big swell de sudeste do ano.
Texto: @pedroscansetti. Fotos: @fellipeditadi. -
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Era um domingo qualquer, mas as previsões de ondas já anunciavam como seriam os próximos dias. Um swell entrando de sul e virando para sudeste durante a semana, com um vento sudoeste a todo vapor. Os gráficos eram quase um Monte Everest, saiam de meio metro pra quatro metros de um dia pro outro e mantinham praticamente a mesma força até sexta-feira.
Aqui no Rio de Janeiro picos que raramente quebram acordam e roubam toda a atenção dos big riders e kamikazes de plantão.
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No início do swell, eu e o Fotógrafo Fellipe Ditadi ficamos driblando as bombas. Como um bom maroleiro, eu queria apenas uma diversão simples, então caçamos os cantos que eram mais abrigados e podiam nos proporcionar condições mais amigáveis.
Já o crowd não tivemos muito sucesso, morar em uma metrópole dificilmente dá pra achar um pico vazio, ainda mais quando eles são poucos disponíveis. Mas ainda assim, conseguimos pegar boas ondas e fazer boas fotos. -
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Ao Norte no Estado do Rio, bem onde o vento faz a curva, existem praias perfeitas para receberem essa combinação. A bola da vez era a Praia do Peró. Costumamos fugir pra lá com nossos tocos quando o SO bate forte. Mas dessa vez lá ia estar bem grande, com ondas ocas, cilíndricas e correndo muito, o famoso "fechando perfeito".
Essa notícia se espalhou rapidamente e junto a ela os surfistas. -
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Na semana anterior pegamos a refração de outro swell que passava por fora, checamos o Peró e não gostamos muito do que vimos por lá, então decidimos esticar até um pico próximos que passamos a frequentar ultimamente.
Estava pequeno e não tinha nada fora do lugar, eram linhas desenhadas por mãos firmes, ou seja, se estava bom de SO naquela semana imagina agora de SE.
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Dia 23/04, uma sexta-feira. Teríamos 3h de estrada até o pico. As expectativas eram grandes. Fomos o caminho inteiro imaginando o que encontraríamos por lá. Chegamos por volta das 8h da manhã, o tempo estava bem limpo, sem nenhuma nuvem.
Foram os 20 metros mais longos da vida do estacionamos até praia que foram inversamente proporcionais a reação ao vermos a primeira linha no horizonte. A praia é de areia dura e plana, então a ondulação de 3 metros de SE chegava lá com menos de 1 metro, consistente e com uma formação perfeita.
Eram esquerdas e direitas de veludo por conta do terral, e pra melhorar não havia absolutamente ninguém na água. -
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Como um bom maroleiro, me lancei ao mar com meu toco. As primeiras ondas foram meio desajeitadas por conta da ansiedade, mas logo toda aquela simplicidade foi me acalmando. A cada onda que pegava, olhava para o Ditadi que delirava da areia. Era o cenário perfeito para o fotógrafo e surfista. A cada série que entrava parecia que melhorava.
Fiquei na água até meu corpo me expulsar de cansaço. Foi um daqueles dias a serem lembrados pra sempre e contados entre um swell e outro, e de quebra consegui algumas das minhas melhores fotos surfando.
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